segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Carta aberta ao meu Pai,

Pai,

Fiquei olhando meus filhos falando e gritando “pai olha”, “pai”... “pai”, para cada novidade um pai diferente, e me dei conta que nos 38 anos que convivemos, que eu me lembre nunca houve um dia que o tenha chamado de pai, sempre foi “papai”, nunca consegui chamar-lhe somente “pai”.
Lembro-me do brilho em teus olhos quando dançou comigo no baile de formatura, do orgulho de me levar ao altar, da tua felicidade ao fazer o evangelho da cerimônia, de sua emoção ao ouvir o coral cantar tua musica predileta no meio do meu casamento – lembra... pedi que tocassem Fascinação... lembro da alegria e das lágrimas quando viu tua neta nascer, do abraço que me deu em apoio pelo bebê que perdi; e também do teu sorriso quando lhe disse que estava gravida novamente... rsrss... e de como reagiu quando soube que era um menino!!!
São muitas lembranças guardadas e revividas.
Este foi o nono ano em que não tenho a tua presença, que não pude lhe desejar feliz dia dos pais nem ouvir-te me responder “cria juízo menina”... era assim que você me respondia toda vez que eu lhe cumprimentava pelo teu dia, hoje vejo que era só uma forma de dizer “me preocupo com você!”

E como diz a música - uma de tuas prediletas também 
**"eu não sabia que doia tanto,
uma mesa no canto,
uma casa, um jardim,
se eu soubesse como dói a vida,
esta dor tão doída,
não doia assim...
naquela mesa esta faltando ele,
e a saudade dele esta doendo em mim!..."

Sinto tua falta!
E sei que se você estivesse por aqui, nossas vidas teriam um pouco mais de brilho, teríamos mais sorrisos... ah!!! e muitos “vô” ecoando pela casa.

Sei que onde estiveres ainda esta me dizendo “cria juízo menina!”...
mesmo assim sinto tua falta!


Kássya Mendonça 15/08/2011
imagem Google.
**trecho da música "Naquela Mesa" - de Nelson Gonçalves 
Composição: Sérgio Bittencourt
video  MrLarson40- You Tube

6 comentários:

Edegard disse...

Amiga
Que linda mensagem, fiquei muito emocionado, pela sua gratidão e homenagem e acredito que de lá onde está, deve estar sorrindo em vêr sua paixão por ele.
Meus parabéns

Samanta disse...

Olá minha linda amiga !!!

Que bela carta e homenagem a teu pai !
Muito emocionante ler as suas belas lembranças e perceber que mesmo com tantas alegrias na memória, lhe dói a ausência de seu amado papai.
Mas amiga, saiba que mesmo sendo um dor que nunca sara, a grande maravilha da vida é guardar contigo no coração estes momentos inesquecíveis e todo o amor que viveram juntos, enquanto ele esteve contigo !
Lhe digo isso porque fui abandonada pelo meu pai aos 8 anos, e hoje, não tenho nenhuma lembrança, ele é um estranho para mim e isso é muito triste.
Sorria e agradeça ter tido esta benção e com certeza, onde ele estiver, vai estar feliz por também carregar consigo tantas boas lembranças :)

Um beijãooo e boa semana !

Nelson Mendonça disse...

Oi amor, também sinto saudades daquele bom baiano.Baixinho na estatura, mas um grande homen na alma e no coração.

Bjo. t. amo.

Edilaina Silva disse...

Pois é minha irmã, nem tive coragem de postar nada porque sempre que faço vou as lágrimas.
Mas ele nos ensinou tudo de bom, nos guiou com pulso firme e muito amor. Todas as suas lembranças são ainda mais preciosas porque só você proporcionou estes momentos para ele.
Saiba que ele sempre nos considerou como jóias raras, verdadeiras pedras preciosas. E tinha muito muiito orgulho de tudo aquilo que faziamos e das pessoas que nos tornamos.
Tenho certeza que de onde ele estiver continua orgulhoso da "trupezinha" que deixou.
E naquela mesa sempre vai faltar ele - e a saudade dele tá doende em nós.
Beijos

António Ferreira disse...

O que leio, é a expressao do amor bom, do amor puro, das lembranças da infancia, dos ralhetes de amor, das risadas pelas coisas tontas que se fazem, dos cuidados totais, dos quereres demais, dos desejos e dos ais, afinal, falamos dos amores dos nossos pais.
O que leio, é o grito da saudade, do amor que nao morre, do choro bom pelo coraçao que sentimos bater em nós mesmo nao o vendo.
O que leio, é a expressao do sentimento pelo qual notamos quem somos, dos desejs que queremos imortais....
o amor de pai, é o amor bom, gostoso, mesmo quando sofremos o ralhete, o olhar duro, o som trovão do homem que amamos, nos educa, nos ampara e nos segura pela mão.
Deixa que eu faça meu tambem esta carta, dita aberta, pois tb queria que ela fosse minha, porque amor filial, nao se discute, nao se mede, nao se testa..... vive-se, sente-se, e alimenta-se, porque no amor ao pai, nós, assim como tu Kassya, descobrimos que amar, mais que ter....é chorar, o que nao vemos, mas sentimos em nosso redor, e nos faz tremer, pela saudade, pelo querer de que o pai, esteja onde estiver, nos continua a proteger, orientar e .....amar.
bjs
antonio ferreira
voarnopoensamento.blogspot.com

Anônimo disse...

Kássia querida..não tem o que comentar! Apenas fechar os olhos e pela tua carta encontrar a emoção da saudade de um pai..que sempre presente esteve.parabéns bjs..